Uma equipe formada por 25 estudantes de medicina e mais 8 médicos – que são cirurgiões e professores universitários – de Campo Mourão (PR), chegou nesta quinta (14) ao município de Santarém, no oeste do Pará. Durante uma semana, eles vão prestar cerca de 1.400 atendimentos clínicos gratuitos à população ribeirinha que vive às margens do Rio Amazonas, em áreas remotas, com difícil acesso à saúde e em situação de vulnerabilidade social no município de Prainha.
A equipe chegou a Santarém de avião, e do município fez uma viagem de seis horas de barco com destino ao município de Prainha, que tem população de 35.577 habitantes, segundo o último censo do IBGE – e carece de recursos para a saúde. A distância entre as duas cidades é de 3.386 km.
Essa é a segunda vez que a equipe vem à região Norte do Brasil para fazer esses trabalhos. Em 2022, o grupo contou com 20 estudantes de medicina e 4 professores. Durante oito dias, eles atuaram em Prainha e realizaram mais de 900 consultas ambulatoriais, 400 procedimentos cirúrgicos pequenos (retirada de lipoma, drenagem de cistos sebáceos, entre outros) e 60 cirurgias (hérnias, hidrocele, vasectomia, fimose, entre outras).
Ajuda para compra de medicamentos
Os custos da viagem com passagens aéreas e alimentação estão sendo pagos pelos próprios estudantes e professores. Já o Centro Universitário Integrado ajudou com recursos para compra de insumos e medicamentos.
Porém, o grupo solicita ajuda financeira da comunidade para compra de mais analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos, paracetamol, omeprazol, dipirona, entre outros. As doações de qualquer valor podem ser feitas no PIX projetohumanika@gmail.com
Os estudantes têm feito contato com médicos de toda a região Noroeste do Paraná, solicitando amostras grátis de medicamentos distribuídos por laboratórios. A intenção é levar na expedição pelo menos cerca de 10 mil cápsulas de comprimidos.
“Pretendemos realizar cerca de 1.400 atendimentos clínicos gratuitos. O que nos motiva é ajudar essas pessoas a ter mais qualidade de vida, pois elas vivem numa realidade completamente diferente da nossa e praticamente sem nenhum serviço médico. Por isso, toda e qualquer ajuda – seja de medicamentos ou financeira para compramos esses insumos – será muito bem-vinda”, explicou Matheus Del Cistia, estudante do 9º período de medicina no Centro Universitário Integrado e coordenador da expedição.
Projeto humanitário
Os trabalhos dos estudantes de medicina, dos médicos cirurgiões e professores fazem parte do Projeto Humanika, que é uma parceria com ação humanitária Amazônia Canaã, que já atua nesta região há aproximadamente 25 anos levando atendimento principalmente médico e odontológico.
O idealizador do Projeto Humanika é o médico urologista Eufanio Saqueti. “Eu já atuava por conta própria, de forma voluntária. Depois de um tempo, surgiu a ideia de levar um grupo de estudantes para ajudar. Ao falar com os acadêmicos de medicina, eles abraçaram a causa imediatamente”, contou Saqueti.
“Para 2023, houve 90 inscritos. Desse total, 25 foram selecionados e eles irão vivenciar situações muito diferentes, de um contexto social extremamente distante do que temos no Sul do país”, complementou Saqueti, que é professor de medicina no Integrado.
Missão de solidariedade
As comunidades ribeirinhas são formadas por povos que habitam as margens dos rios, igarapés, igapós e lagos da Floresta Amazônica e outras regiões naturais do país. Seus modos de vida estão totalmente ligados ao fluxo das águas, adaptando-as aos períodos de seca e cheia dos rios.
Devido ao difícil alcance daquelas regiões, a maioria das comunidades não possuem acesso a saneamento básico, energia elétrica e serviços de saúde.
“Infelizmente, o acesso aos cuidados de saúde é extremamente precário naquela região, dificultando a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças. Nossa missão tem como objetivo promover acesso médico de qualidade a essa população ribeirinha e estamos comprometidos a fazer a diferença na vida dos que mais precisam”, complementa o professor Eufanio Saqueti.